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Postagem teste - Alvorada

12:45
Por incrível que pareça, a postagem de hoje não será sobre ervilhas, formigas mutiladas ou qualquer pilhéria similar. Hoje eu falarei sobre a cidade que me acolhe há quinze anos.
Seu nome se origina dos passos dos trabalhadores, que já podiam ser ouvidos desde antes da alvorada. Sim, vivemos no fim do mundo, só acordando de madrugada pra chegar na hora para trabalhar, afinal são no mínimo 45 minutos de deslocamento até o centro de Porto Alegre (ou apenas POA).

Alvorada se situa na região metropolitana de Porto Alegre, uns dez minutos ao norte. É uma cidade estranha, não sei como explicar melhor mas, enfim. Vamos partir da minha rua.

Moro na Rua Manoel Bernardes, que todo mundo confunde com a Arthur Bernardes, uma rua um pouco mais popular eu acho (mas talvez muitas pessoas perguntem pela Manoel Bernardes na Arthur...). É uma bela rua, com muitas árvores, que formam uma composição de cores interessante com o solo quase que arenoso da via inasfaltada. Minha rua parece que saiu de um western, faltam apenas os tufos rolando e um assobio triste. Aliás, faz tempo que não acontece alguma perseguição com cavalos... ah, estou exagerando. Demais, talvez.

Reparei que na esquina, onde fica o Unisuper, nosso centro comercial onde trocamos papéis coloridos com desenhos de animais e pequenos discos de metal por mercadorias, surgiu recentemente um caixa eletrônico 24hs, ou melhor, um poste sinalizando um caixa eletrônico 24hs invisível. Talvez se esfregar o cartão três vezes na frente do totem monetário apareça um gênio bancário dizendo que você tem três extratos gratuitos por mês, sei lá. (Pelo que me disseram o caixa fica dentro do mercado, então suas 24 horas são restritas às 12 horas de funcionamento do estabelecimento. Logo, acredito que somos precursores nos caixas-eletrônicos 24hs/2 dias).

A cerca de 100 metros da minha casa cinzenta, você pode comprar uma cozinha na Rede Lar, ou um vinho tinto suave no boteco do Seu Aristides, ou apenas "Velhinho". Pode ir à Oca House, a pior Lan House do mundo ou no lugar mais célebre das redondezas: o Bar da Tia Nina (o nome é "alguma coisa Dias" e acho que alguém já fez um trocadilho dizendo que eu era sócio do bar, quando frequentava quase que diariamente o digníssimo estabelecimento). Em um espaço de 3m x 2m, você pode degustar os vinhos Nevoeiro ou São Martin (este é melhor, o outro é muito enjoativo), comprar biscoitos recheados através de uma grade com uma engenhosa campainha (uma lata de azeite) ou até mesmo ter cinco reais surrupiados pela hábil comerciante ("Mas eu acabei de pagar para a senhora"). Aliás, a Tia Nina é um personagem à parte, eu deveria entrevistá-la, com áudio, e postar aqui.

Em frente ao bar se encontra o muro dos fundos do Drummond, a escola onde passei uns seis anos da minha vida. Ótimos professores. Fui Diretor de Esportes da primeira gestão do Grêmio Estudantil (esportes? Só se for xadrez, e olhe lá). Na nossa grande festa de estréia, comemorando alguma coisa, tipo Dia do Estudante ou Dia do Operador de Retroescavadeira, nós estávamos vendendo lanches para gerar caixa. A cozinha, um tanto rudimentar tinha um fogareiro acoplado em um botijão normal (não façam isso em casa). Aliás, a "cozinha", não era tipo um refeitório. Era um lugar onde uma mulher vendia lanches, não tinha nenhum equipamento culinário, além de uma pia. Nove pessoas estavam nesse cubículo, que tinha uma porta nos fundos e uma abertura na frente, por onde eram vendidas as mercadorias. Nove pessoas, quando dá um treco no botijão e sobe uma labareda. Uma guria saiu pela porta. Os outros oito pularam pela abertura, como carne moída saindo do moedor no clipe do Pink Floyd, e ficaram ilesos. Só uma guria se machucou mais por ter servido de amortecedor para o Presidente do Grêmio, Diogo, o "Fusca" ou o "Portador da maior testa do mundo". Infelizmente não consegui presenciar a cena incrível, mas tudo bem. A nossa festa de inauguração conseguiu dar a volta por cima e horas depois estava muito melhor, com muita gente, enfim. Estava pegando fogo. Na segunda feira, eu e o Diogo tivemos que levar uma telha para substituir a que quebrou com o impacto da chama (acho que foi isso que aconteceu). Eu nunca imaginei que aquelas telhas de zinco fossem tão pesadas. Aliás, poderíamos voltar nossa atenção à minha dedicação halterofilista à causa estudantil.

Nós colocávamos música no intervalo. O problema é que a escola não tinha caixa de som. Então levávamos a minha caixa Frahm, 45 watts para escola e trazíamos de volta. Um esforço desgraçado para quinze minutos de música. Aquela caixa era – e ainda é – muito pesada, ao menos para mim. (Continua, ou não)
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